A importância de um Nascimento Gentil e Humanizado

A Equipe Ventra de Obstetrícia e Assistência ao Parto é formada pela enfermeira Ananda S. Hoffmann Hartmann e pela enfermeira obstetra Dione Weber Rasia; pelas obstetras Nádia Maria Ceolin, Sheila Krüger Carvalho e Vanessa Jung Ferreira e pelos pediatras Geanine Gobo Carré, Milton Gross Junior, Tamires Fisher Lago e Vera Cristina Paris.

A sua missão é oferecer a melhor Assistência Obstétrica disponível de acordo com as evidências científicas atuais. Em entrevista com a equipe conseguimos entender melhor como funciona e a importância de um nascimento gentil. Vamos conferir a entrevista?

O que é um parto humanizado?

Este é um termo que acabou desgastado pelo (mau) uso. A humanização do nascimento é um modelo de atenção ao ciclo gravídico-puerperal que visa trabalhar com as melhores evidências científicas, englobando todos os aspectos que envolvem este momento na vida da mulher: físico, psicólogico, social, emocional. Infelizmente, muitos dos procedimentos adotados como “rotina” nos nascimentos durante as últimas décadas, não têm embasamento científico para serem realizados (como rotina). Isto faz com que a atenção humanizada seja muito menos intervencionista. O nascimento de um bebê é um evento fisiológico, onde a equipe apenas monitora o bem estar do binômio mãe e bebê, e realiza intervenções apenas quando as mesmas são estritamente necessárias, e com autorização expressa da mulher. Mesmo uma cesariana pode vir a ser necessária durante um trabalho de parto, e o bom uso das intervenções, para trazer segurança ao nascimento, faz parte do atendimento humanizado. Gostamos muito do termo “nascimento gentil” em substituição a “parto humanizado”, que é um termo que vem recheado de preconceitos.

Quais as vantagens do nascimento gentil?

Diversas medidas adotadas durante um nascimento gentil têm efeito positivo sobre a vida da mãe e do bebê. Por exemplo, o contato pele a pele e a amamentação na primeira hora de vida comprovadamente melhoram o vínculo mãe-bebê e prolongam o tempo de amamentação, possivelmente diminuindo a mortalidade neonatal tardia. O clampeamento tardio do cordão umbilical diminui a incidência de anemia na primeira infância. A presença de acompanhante treinado (Doula) melhora a satisfação materna quanto ao trabalho de parto e melhora a nota do bebê (Apgar) no quinto minuto de vida, além de diminuir as taxas de cesárea, a necessidade de analgesia e a duração do trabalho de parto. 

Podem existir complicações? 

Sim, todo parto ou cesárea podem ter complicações. Devido ao fato de o “parto humanizado” valorizar as evidências científicas e preconizar a não intervenção desnecessária, as complicações podem inclusive ser menos frequentes.

Quanto tempo pode durar o parto?

Não existe no conhecimento científico atual uma resposta curta e simples para essa pergunta. Durante muito tempo usou-se a referência dos estudos de Friedman para determinar a duração “normal” de um trabalho de parto. Em 2002, Zhang, outro pesquisador, estudou que o parto normal pode durar bem mais tempo do que se pensava antes. Ambos os estudos são pequenos, mas o entendimento hoje é que mais do que se prender a um gráfico (que chamamos de partograma), devemos estar atentos ao bem estar do bebê e da mãe, respeitando a fisiologia e minimizando os riscos.

A mãe pode receber anestesia nesse tipo de parto?

Sim. A analgesia de parto é uma anestesia que diminui muito a dor das contrações, sem retirar a possibilidade de movimentação. Porém, os estudos mostram que a necessidade de analgesia está intimamente relacionada às outras opções de alívio da dor (chamamos de medidas não farmacológicas) e ao apoio na hora do trabalho de parto. Muitas gestantes que têm apoio e outras opções, acabam não precisando da analgesia, embora seja uma excelente opção.

Como é a recuperação da mãe após o parto?

Após um parto com poucas ou sem intervenções, a recuperação é bem mais rápida.

Existe cesária humanizada? 

Sim, se naquele momento a cesárea for a opção mais segura e a equipe priorizar o nascimento gentil, esta é uma forma de humanização do nascimento. Se as condições da mãe e do bebê permitirem, pode-se retardar o clampeamento do cordão, fazer contato pele a pele, amamentação na sala de cesárea e evitar procedimentos desnecessários no bebê.

Qualquer pessoa pode fazer esse tipo de parto?

Sim, dentro das condições especificadas anteriormente, qualquer nascimento pode ser humanizado.

Como a mãe pode se preparar para o parto humanizado?

Infelizmente, o nascimento humanizado ainda não é a rotina, então o casal precisa estudar bastante, procurar grupos de ajuda na internet, se informar sobre a equipe que vai atendê-los e discutir todos os detalhes com os profissionais durante o pré natal. Se não for possível ter uma equipe humanizada, ao menos ter uma doula de confiança, que pode dar as orientações e ajudar nessa busca.

Como é a participação do pai no parto?

A principal função do pai é apoiar a mulher que está em trabalho de parto. Os limites precisos desta função são definidos dentro da dinâmica de cada casal.

Todas as mães são posicionadas da mesma forma?

Durante todo o trabalho de parto e nascimento, a mãe tem total liberdade de movimentação e posicionamento.Inclusive, ela escolherá a posição em que quer parir.

Quanto tempo a mãe fica com o bebê após o nascimento?

Chamamos a primeira hora após o nascimento de “golden hour”, durante a qual o bebê fica o tempo todo com a mãe, fazendo vínculo. Após esse tempo, podem ser necessários alguns procedimentos, como posicionar a mãe no leito, pesar o bebê, sempre na presença da mãe ou do pai, e logo o bebê volta para a mãe, ficando com ela em “alojamento conjunto”, ou seja, sempre no mesmo quarto que ela.

O bebê nasce e logo em seguida a mãe amamenta?

Sim, este é um dos princípios do nascimento gentil e humanizado, estimular a amamentação.

O nascimento de um filho é o momento mais incrível e emocionante na vida dos pais. Ter uma equipe que preza pelo bem estar e saúde do bebê e da mãe é essencial para tornar esse momento perfeito. 

Além disso, se os pais se sentem a vontade, acreditamos que ter o registro desse dia é fantástico. Afinal, a partir das fotografias podemos reviver todos os momentos e guardar eles para sempre. Esses momentos não voltam. O fotógrafo está ali, atento, a postos, com os olhos e a câmera em busca desses detalhes, para que vocês possam ver quanto amor há aí no mundo que é só de vocês; terão fotos do que vocês não conseguem ver, o fotógrafo de parto se propõe a ser os seus olhos; e, mais ainda, nós construiremos o começo da história dessa nova vida.

Fotografias da matéria: Mari Spinato Fotografias.